sábado, 16 de maio de 2015

Lutar contra a família

Um desabafo hoje.

É difícil viver em casa de obesos. Obesos de O grande, com mentalidade de obeso, condição física de obeso, preguiça de obeso, gula de obeso, tudo de obeso além do tamanho.

Não consigo já contar a quantidade de discussões sobre comida, as súplicas para que se deixe de fazer comida gorda, os empurrões para se ir fazer exercício físico, as tentativas de mudanças alimentares, e nada disso resultou porque continuo a viver em casa de obesos.

Há coisas que me preocupam: preocupa-me a qualidade de vida da minha mãe no futuro, o saber que ela não se vai conseguir mexer por estar a desgastar os ossos e músculos e por ir engordando cada ano, e saber que quando esse dia chegar eu não vou conseguir ajudá-la sozinha.

E o que faço no meio disto? Tento. Tento emagrecer, tento que a comida seja mais saudável, tento ajudar e no fundo vejo que não é suficiente, mas também já não sei que mais fazer.

Um dia mais tarde, sei que ela se vai arrepender e lamentar não ter emagrecido quando podia, que as brincadeiras de "quando morrer vou deitada" eram estúpidas, e eu vou-me sentir culpada por não ter insistido mais. Mas não sei o que mais fazer.

Consigo convencer de tempos a tempos a minha avó a fazer comida saudável. Mas sempre que me vou embora, volto para uma casa de obesos porque a avó não quer que a mãe discuta e grite por não haver a comida que quer. Não sei o que mais fazer.

Hoje a avó chorou, por imaginar o futuro não-assim-tão-distante da mãe. Mas que lhe posso dizer quando é ela que lhe faz a comida que lhe faz mal?

Estou farta de ter a mesma conversa constantemente. Nenhuma delas é estúpida, já ambas foram a nutricionistas, a mãe já andou num ginásio, ambas viram os resultados de uma alimentação saudável, e no entanto não há puto de força de vontade. e eu vou por arrasto nos dias em que não sou forte o suficiente para dizer que não.

Hoje só me apetece desistir, deixá-las matarem-se aos poucos, vê-las a comer coisas que lhes fazer mal, consentir que fiquem no sofá e deixar de me importar. Mas hoje vou continuar a tentar.

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